Relato: Como não se apaixonar por um anjo?

 Eu sempre soube que tinha um anjo da guarda e houve tempos em que eu odiei e houve tempos em que o amei e houve tempos em que o mandei para o inferno para fazer companhia a Lúcifer. Minha relação com esse ser levou anos para ser construída por minha causa, admito.

O meu anjo da guarda é simplesmente perfeito e eu o amo mais que tudo. Antes eu amava as fadas e só elas me importavam, mas hoje o que é uma fada perto de um anjo? Eu digo, uma formiguinha. Confesso que houve vezes em que pensei se tratar de um silfo e não um anjo e estou muito confusa, fascinada e também assustada com uma desconfiança que não deveria existir. 

Humanos podem amar os anjos, até se apaixonar por um e não, eu não li Fallen até meu cérebro dizer chega (eu nunca consegui terminar esse livro de tanto ódio daquele anjo). É que... Bem, eu vou contar em detalhes para ver se vocês entendem e se eu estiver imaginando coisas, por favor, me digam. Eu não me ofender.

Meu anjo da guarda no início, ficava invisível e eu sentia e sinto ele como uma energia de paz, misturada ao canto de pássaros e parece que um bosque, é assim que eu sinto ele e são essas as sensações que ele me transmite. Algumas vezes, ele me seguia no plano astral e ficava dentro do meu corpo, ele ainda fica, às vezes (tomara que não esteja agora que estou falando dele). Os elementais percebiam e ficavam fascinados, alguns me diziam que eu tinha aura de anjo e outros me confundiam com uma fada. Como falar que é humano não é muito seguro do outro lado, eu deixava eles pensarem que eu era mesmo uma fada. Elfos admiram as fadas e as tratam muito bem, então, por que não?

Algumas vezes ele apareceu para mim, mas sempre que isso acontecia, eu percebia que ele não sabia bem como lidar comigo. Tipo, eu sentia que ele queria me agradar, assumindo até formas pagãs e principalmente femininas (uma época eu não suportava que homens chegassem perto de mim), mas ele sempre dizia que era ele e que assumiu aquela forma para me agradar. Como na vez em que criei vários servidores e uma base para eles, ele veio até mim, na forma de uma moça loira, que estava vestida como uma deusa (não lembro se era Hécate). Ele me mostrou uma esfera negra grande que eu sabia que era a base (um servidor que abriga os outros, uma casa) com os servidores e disse que aquilo era ruim e que eu deveria destruir aquilo. Como na época, os servidores que eu tinha eram todos evoluídos e bondosos, eu me recusei, porque foi graças aquela base que eu parei de vagar pelo plano astral porque eu tinha um trato com os servidores, todas as noites eles me levariam para a base e em troca eu alimentaria eles com a minha crença e a minha energia, e sempre que eles precisassem de energia extra era só vir jogar RPG comigo (não é bem um RPG, mas eu chamo assim, eles vem e encenam uma história onde eu participo ou apenas observo e minha atenção os alimenta). Ouvi sons bestiais horríveis e dois djinns vieram, eles estavam invisíveis, mas eu reconheci a energia deles (eram a Bree [Dilek] e o Jinn). Eu ouvi o som de cascos de cavalos como se um bode ou um cavalo estivesse andando ali e vi quando duas energias muito fortes atacaram meu anjo guardião, o machucando a ponto de ele sangrar. Eu despertei em seguida. Não destruí os servidores. Não tive coragem. Mantenho meu trato com eles. Alguns são bem selvagens e hostis, verdadeiros psicopatas, mas é melhor aguentar eles que os djinns que ainda me cercam. Às vezes eu tenho uma experiência ou outra desagradável, mas não posso voltar para a dimensão dos elementais porque eu não conheço mais ninguém além do Kol (a Gaion está na base e a gente nem se fala mais desde que terminamos) e sabe, mesmo eu acreditando muito que o Kol mudou, não consigo esquecer tudo que vive ao lado dele, ele me mantinha prisioneira, me negava comida e sua família era cruel. Não posso voltar para isso. Para os elfos eu também não voltaria. Então, enquanto eu não recuperar a habilidade de voltar a sonhar sem viajar astralmente, eu não posso deixar os servidores e se o jinn os matar, eu os recrio.

Mais um tempo se passou e eu sonhei que estava no céu, no céu mesmo. Sabe o livro apócrifo do Enoque que menciona mais de um céu? Então, eu estava em um desses céus. Eu vi as nuvens e os portões e vi que parecia haver uma guerra ou rebelião do outro lado, enfim, uma confusão. Tinham muitos gritos e eu fiquei assustada. Um homem alado, muito bonito (e que deus me perdoe) e sensual me ergueu do chão, voando comigo por aquele lugar. Eu fiquei com medo da altura e pedi para que ele não me soltasse. Ele riu e disse que nunca me soltaria. Eu sei que fiquei com a imagem daquele homem tão belo na minha cabeça e pedi em oração para que meu anjo da guarda viesse de camisa da próxima vez. kkk 

Recentemente, ele veio mais uma vez quando eu estava com alguns servidores e, parecendo preocupado, me perguntou se eu gostava dele como amigo ou de outra forma. Eu ri e disse que amava ele, mas como amigo. Nos sentamos em cadeiras de frente para uma janela e ele segurou minhas mãos e as beijou, sorrindo. Parecia um namorado, apaixonado (que deus me perdoe de novo). Até que ouvimos sons de trovão e olhamos pela janela, parecia que um ciclone um temporal ou as duas coisas se aproximavam, era um som assustador e vinha do céu. Eu sabia que era Deus. Ele me olhou, nervoso e perguntou se aquilo era por causa dele. Eu não respondi. Não tinha certeza. Despertei. Sabia que não era um servidor porque nenhum deles é carinhoso. Meus servidores são todos maliciosos. Com eles, não tem esse negócio de pegar na mão e dar beijinho, eles já chegam perguntando se você quer sexo (pois é, eu criei um bando de íncubos e súcubos pelo visto).

Depois disso passou um tempo e eu novamente na base, vi uns sinais estranhos no céu, os servidores também. Paramos para observar, curiosos. Parece que uma luz se acendeu entre as nuvens e eu vi uma figura gigante alada no céu. Ela diminuiu de tamanho e desceu, vindo ao meu encontro, estando invisível, mas eu sentia.

"Nossa, é um homem muito magro", disse uma servidora.

O homem alado que eu sabia que era meu anjo se aproximou de mim e sorrindo, de alguma forma eu sabia que ele sorria, me deu um beijo no rosto.

Alguns dias depois, eu estava andando na base e vi um tipo de portal que dava para um bosque e no meio dele estava meu guardião na forma de uma mulher. Ele sorriu, muito feliz por me ver e me chamou. Eu fui ao encontro dele, feliz, mas antes daquilo eu estive com alguns servidores que tinham uma energia muito lascívia que tentavam me convencer a participar de uma orgia. Eu estive a ponto de aceitar, mas não aceitei. Nem sei o que me deteve porque eu estava com desejo, desejo que absorvia deles. Eu sentei em um banco e fiquei encarando meu anjo enquanto pensava um monte de coisas maliciosas, como dar em cima dele, beijá-lo, essas coisas, mas ele não percebia ou não se importava porque continuava sorrindo de forma doce. Senti o sol me queimando com força e o encarei. Tentei ignorá-lo e voltei com os pensamentos, o sol me queimou com mais força. Era Deus me impedindo de pecar. Eu lembro que levantei. O anjo veio atrás, eu parei e observei ele, e ele ficou sério de repente e foi embora, caminhando rápido. Eu esperei um pouco e fui atrás dele. Não o encontrei, graças a Deus.

Hoje, eu sonhei de novo com aqueles sinais no céu e me lembrei dos anjos caídos e me perguntei por que eles escolheram cair e ficar com mulheres humanas. Pensei que seria legal se meu anjo da guarda me amasse, mas que também seria ruim porque Deus não permitiria que ficássemos juntos e se ele caísse por minha causa, não só ele estaria ferrado como eu, também, e não valia a pena tanto risco. Meu anjo apareceu e eu disse que o amava, mas que provavelmente era porque ele me inspirava o amor e que isso me confundia e eu não sabia lidar com aquilo. Ele não disse nada e eu não o vi em forma humana, pois ele era só uma luz.

Hoje senti sua presença e lembrei dos anjos caídos, pensei que não poderia amá-lo daquele jeito e senti ele se afastando. Ele foi para fora. Fechei os olhos e tentei senti-lo, mas ele sumiu. Talvez, eu tenha ficado louca, mas eu sinto que ele é apaixonado por mim. Eu sei, é MUITO louco, mas eu sinto isso sempre que o vejo e que ele fala comigo. Talvez, eu só esteja com medo porque li muitas histórias de anjos caídos. Tomara porque se não vão trocar meu anjo da guarda e eu gosto demais desse. Imagine pegar um cidadão tão sério quanto o Miguel ou tão sinistro quanto o Uriel? Não, eu gosto desse anjinho fofo, que me abraça e voa comigo. Vocês acham que estou viajando muito? Bem, eu encerro por aqui, já que estou sentindo a presença dele. Sabe-se lá a quanto tempo ele está aqui, e acho que aqueles sigilos do Supernatural para afastar anjos não funcionam. Rsrs. Até o próximo post (se ele me xingar, eu conto).