Meu nome é Samantha. Descobri esse blog há pouco tempo, mas não sou nova na magia. Eu era evangélica e quando conheci a Wicca, deixei de ir a igreja porque a Wicca me completava de uma forma que a igreja não. Por um bom tempo, trabalhei com deusas celtas e gregas até experimentar algo mais sombrio. Muitos praticantes de magia dizem que não há diferença entre magia boa e magia ruim, que é tudo a mesma coisa, mas não é. Pelo menos para mim não foi. Eu cruzei uma linha que não deveria ter cruzado e comecei a mexer com demônios. Não Elementais ou Deuses sombrios, demônios mesmo. No começo foi bom e eu consegui algumas coisas que achei que me completariam, mas não completaram.
Minha vida virou do avesso, e o que começou com pequenos vultos, evoluiu para vozes e pesadelos. Eu os ouço me depreciando e me ameaçando o tempo todo. Comecei a orar e funcionou por um tempo, mas eles voltaram e vieram mais fortes. Tentei voltar à Wicca e pedir ajuda as deusas, mas não sei se não fiz corretamente porque não resolveu. Eu desisti da Wicca e passei para a Magia Do Caos. Fiz alguns servidores para me protegerem, mas percebi que somente eles não são o bastante porque isso que eu atraí para mim é sombrio demais. Cheguei a essa conclusão graças a um sonho que tive: Eu estava parada sozinha em uma floresta e estava desorientada e chateada. À minha direita havia a mais densa escuridão, à minha frente, uma névoa negra circular, pairando no ar, à altura do meu rosto. Essa névoa eram meus servidores agrupados, minha pequena proteção, eu senti. A escuridão densa eram meus inimigos espirituais. À minha direita, surgiu uma plataforma e sobre ela, uma mulher loira, magra, vestida como a deusa Morrigan, mas eu sabia que não era a deusa, embora estivesse vestida como ela. A mulher me chamou e eu fui até ela. Ela me disse que era meu anjo guardião e que só estava vestido daquela forma porque sabia que eu gostava e não queria me assustar. Ela me disse que Deus havia decidido me dar mais uma chance de voltar para ele, mas que eu deveria ir logo porque o tempo estava acabando e que o inferno estava furioso porque eu decidira voltar para Deus. Eu senti o chão tremer e ouvi gritos e gemidos horríveis. A mulher apontou para a escuridão e disse que ela representava meus inimigos, depois para a névoa e disse que era a minha frágil proteção, e então, para outra eu que estava parada confusa diante da névoa, e disse que aquela era eu. Eu fui até a minha outra eu e a peguei pelo braço, dizendo a ela que deveríamos ir até o anjo porque era a nossa única forma de se libertar. Minha outra eu me seguiu até a plataforma, mas parou na metade do caminho, indecisa, porque não queria deixar a magia, porque queria se agarrar desesperadamente a ela. Eu sabia que ela estava sendo ingênua, que não havia mais nada de bom esperando por nós e que era questão de tempo até a escuridão nos alcançar. A arrastei, angustiada, repetindo que era a única forma. A mulher-anjo abriu os braços para nos receber e a escuridão veio e tomou meu frágil eu que golpeou o anjo, o ferindo. Eu acordei depois.
Apesar de emocionada, eu consegui interpretar todo o simbolismo desse sonho. Eu estava dividida, sem saber se insistia na magia ou se desistia dela. Uma parte minha desejava consertar aquilo com magia e outra só queria dar um fim àquilo tudo sem mais magia. O ato de eu ter ferido o anjo, para mim, significou que eu deixei o evangelho por algo sombrio. Eu não pretendo com esse relato, dizer que a Wicca é sombria, de forma alguma. É boa para muitas pessoas, ajuda muita gente, aproxima pessoas e etc. Mas há outras formas de magia, a satânica - que nada tem a ver com a Wicca - que são perigosas se não souber lidar com elas e eu não soube. Não posso culpar ninguém a não ser eu mesma porque eu sempre tive consciência do certo e do errado, do bem e do mal. Só estou colhendo o que plantei. Eu pretendo voltar para a igreja porque se eu continuar assim como estou, sinto que vou enlouquecer. Queria que te tivesse outra forma, mas certos caminhos nos levam a becos sem saídas. Não pretendo amedrontar ninguém com esse relato, mas pensem bem antes de trocarem fadas por demônios porque fadas são uma coisa boa e quase inocente, mas demônios não. ©
*Nota da Lily:
O relato foi respondido por email.
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