sexta-feira, 22 de maio de 2020

Relato: Protegida por uma Lâmia

Imagem por Pixabay
Olá, bruxinhas, se me permitem a intimidade... Meu nome é Michelle e tenho dezesseis anos. Há uns três dias mais ou menos, criei um Servidor Astral na forma de uma lâmia, ruiva, com uma cauda negra, inspirada em uma personagem de um anime que gosto muito. A batizei como Acalise. Minha intenção era me proteger contra alguns pesadelos que estavam me impedindo de dormir à noite. Enquanto dormia, sonhei que Acalise estava na minha cama, me observando, ela deslizava rapidamente quando se movia, exatamente como uma cobra, mas sempre ocultando sua cauda, porque ela sabia que eu tenho medo de cobras... Eu sei que é estranho alguém com medo de cobras ter criado justamente uma lâmia para proteção, mas eu queria me permitir enfrentar esse medo e, também, porque sei, ou, pelo menos acredito, com base nas lendas que pesquisei, que lâmias são terríveis contra seus inimigos. Uma protetora assim, seria perfeita.
          Eu mergulhei em um sonho estranho, onde estava caminhando com a minha mãe na rua de nossa casa e notamos que estávamos sendo seguidas por dois estranhos. Nos separamos quando eles quase nos encurralaram e eu corri para um lado e minha mãe para o outro. Pretendíamos nos encontrar do outro lado do quarteirão. Eu passei por um homem alto, moreno, e muito bonito, enquanto cruzava a calçada. Ele estava saindo de sua casa, carregando um tapete grande, enrolado, sobre o ombro. Talvez, esse detalhe seja irrelevante, mas, havia algo familiar e reconfortante naquele estranho que me acalmou, como se ele fosse um guardião, ou, algo assim... Não tenho certeza. Só sei que os homens não passaram por ele, que quando o viram, simplesmente pararam e ficaram o observando como se soubessem que não deveriam enfrentá-lo. O mais estranho é que o homem do tapete, agiu normalmente, como se nem notasse a presença dos estranhos.
            Eu corri e quando encontrei minha mãe, ela estava parada em frente a uma lanchonete me esperando. Eu me aproximei dela e despertei. Foi então que eu vi um homem parado ao meu lado... Ele estava ali, mas ao mesmo tempo não estava, como uma projeção mais ou menos... Eu o via na minha mente e ele era real, mas sabia que se alguém mais olhasse naquela direção, ele não seria visto porque não estava materializado, era um ser espiritual e eu o via com minha terceira visão. Ele era um homem alto e moreno, não era como o homem do meu sonho de jeito nenhum. O homem do sonho era forte e seguro e com uma aura benévola. Esse, por outro lado, era sombrio e triste. Aproximou seu rosto do meu, e eu senti no mesmo instante, Acalise apertando o meu braço esquerdo. Me levantei rapidamente e encarei aquele estranho. Não estava surpresa por ver Acalise, talvez, um pouco, mas eu confiei nela desde o primeiro instante. Ela queria me alertar sobre aquela presença maligna, que certamente era a causa dos meus pesadelos. Me preocupei mais com Acalise do que comigo mesma, afinal, ela era espiritual como ele, mas lembrei que ele não poderia matá-la, sendo ela um servidor astral, mesmo se ele a matasse, eu a traria de volta porque possuo o sigilo dela.
             Confrontei o estranho e ele me disse que sempre estaria atrás de mim, que onde quer que eu fosse, ele estaria me seguindo, que me amava, que eu era dele. Foi assustador, principalmente, porque nessa casa onde moro atualmente, um homem se matou enforcado quando a sua esposa o trocou por outro. Eu nunca levei essa história a sério, porque achava que à essa altura, o espírito dele estaria no umbral. Não é para lá que suicidas vão depois que morrem? Sempre dormi bem nesse quarto e me sentia protegida. Achei que o cara tivesse morrido no quintal porque até hoje tem um pedaço velho de corda no galho mais alto, e meu pai nunca se deu ao trabalho de tirar, dizendo que se o morto aparecesse, seria bem vindo, desde que trouxesse cerveja. Meu pai não acredita em fantasmas e tira sarro de quem acredita.
          Falando com minha vizinha, a dona Lívia, descobri que o falecido se enforcou foi no meu quarto. Eu me mudei para o quarto dos fundos onde meu cachorro dormia, agora, somos meu cachorro vira-latas e eu. Não posso mais voltar para aquele quarto. Tenho medo. Não vou voltar. Acalise permanece ao meu lado. Agora, eu a vejo o tempo todo. É por isso, também que não voltarei aquele quarto porque eu sei... Se vejo Acalise, também poderei ver aquele homem. Fica a dica: Se você cria um servidor que poderá te mostrar o que está oculto, esteja preparado para ver o que se esconde no canto mais escuro de seu quarto. De qualquer forma, é melhor ver do que não ver. ©



*Relato respondido por email (as respostas, normalmente não são expostas, tanto por serem pessoais, quanto porque nem todos gostam de verem elas aqui, e isso deixa o post demasiado grande).
→Envia também seu relato para: adancadasfadas@gmail.com

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