quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Relato: Presença Maligna

Prazer? Pode me chamar de Caio, eu sou de Ribeirão Preto e tenho 20 anos. Moro com minha avó que é quem me criou. Posso dizer que minha avó não é uma pessoa comum. Ela feiticeira e tudo o que ela diz, costuma acontecer. Não raro, ela adora jogar alguma praga em alguns de nossos vizinhos. Tem uma casa ao lado da nossa, onde o antigo morador irritou a minha vó e ela disse que ele morreria em menos de três meses. Eu ri e achei que ela estava viajando, mas então aconteceu um acidente onde o vizinho perdeu o controle da sua moto e sofreu um acidente. Eu fiquei assustado. Tentei me convencer que foi só uma coincidência bizarra. Minha avó ficou feliz com o que houve e eu não pude acreditar que alguém era capaz de se alegrar com a morte de alguém. 
       Desde o ocorrido, todo mundo que se muda para essa casa, tem sua vida transformada em um verdadeiro inferno, brigas, doenças, acidentes, tudo acontece com quem tem o azar de alugar ou comprar essa casa. Muitos moradores passaram por ela e por incrível que pareça, nenhum agradou a minha avó. Os últimos moradores foram um casal de idosos e sua neta de treze ou quatorze anos. Eles pareciam ser muito rígidos com a menina, viviam gritando com ela, não lhe deixavam sair e a forçavam a fazer todos os trabalhos domésticos. Às vezes, era possível ouvi-la chorando. Eu queria chamar o Conselho Tutelar, mas não sei se adiantaria porque aqui na cidade onde moro, as coisas são de outro modo, não sei se as pessoas não se importam, provavelmente não. O gato de estimação da minha avó vivia entrando no quintal dessa vizinha que não gostava muito de bichos e um dia, ele desapareceu. Minha avó suspeitou que foi a vizinha que deu um sumiço nele e decidiu que ela pagaria por aquilo. Minha avó não hesitou em dizer em voz alta que quem tivesse pego o gato dela, se arrependeria por aquilo. Quase um mês depois, a vizinha estava na frente de casa, conversando com sua neta quando passou mal e desmaiou. Eu não estava em casa, mas minha vó estava e me contou que a menina veio desesperada, pedir por socorro. Minha vó não ligou muito, mas mandou a garota ligar para a emergência. Uma ambulância veio buscar a idosa e ela já estava consciente quando minha vó se aproximou dela. A mulher disse: "O seu gato sumiu, né? Vou ajudar a encontrá-lo quando eu voltar do hospital".
        Minha avó encarou aquilo como uma confirmação de que foi a mulher que se livrou do gato. Quanto a menina, ela estava muito nervosa com o que aconteceu e minha vó teve pena dela e a aconselhou a pegar suas coisas e voltar para a casa da mãe. A menina seguiu o conselho dela e nunca mais voltou, felizmente. Espero sinceramente que ela esteja bem. O casal de idosos continua na casa, mas acredito que seja por pouco tempo, as brigas continuam e a saúde do marido da mulher segue debilitada, ele já tinha a saúde frágil e me parece que seu estado piorou.
         Há alguns dias atrás, eu passei por algo que espero não passar novamente. Paralisia do sono. Eu sonhei que um estranho entrava na casa e assassinava minha vó e depois a mim. Tentei despertar, mas percebi que já estava acordado, eu só não conseguia abrir os olhos ou me mover. Eu fiquei naquela agonia por um tempo e quando finalmente consegui me libertar, me levantei e fui até a cozinha, tomar um pouco de água. Ouvi algo estalando no quarto da minha vó e fui até lá, preocupado. Quando cheguei lá, ela dormia, e na cadeira que ela sempre larga ao lado da cama, tinha uma coisa apavorante sentada, a encarando. Parecia uma pessoa coberta por um lençol. Era assustador. O que quer que fosse aquela coisa, virou a cabeça na minha direção e me encarou. Fiquei com tanto medo que voltei correndo para o meu quarto e me tranquei lá. Não pensei na possibilidade daquilo ser humano de jeito nenhum. Eu tinha certeza que não era. Na manhã seguinte, eu contei à minha vó o que houve e ela ficou brava comigo porque se aquilo fosse um psicopata poderia ter matado ela. Tem acontecido algumas coisas estranhas, tipo, os bonecos da minha vó mudam de lugar sem que ela os toque e ela se sente mais cansada do que o normal, além de relatar alguns barulhos estranhos na casa. Eu prefiro passar a maior parte do tempo fora de casa, com meus amigos ou no trabalho, porque sinto que há uma presença maligna na casa. Talvez, aquele homem que morreu no acidente tenha voltado para assombrá-la ou seja só o carma, mas de qualquer forma, eu estou vendo um lugar para mim, devo me mudar em breve porque essa casa realmente me assusta e, também a minha vó me assusta.©


Nota da Giovanna:


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